Nascido em 1922, em Montes Claros, Minas Gerais, Darcy Ribeiro acabou se transformando em um dos personagens mais emblemáticos e importantes da História recente do Brasil. Antropólogo, sociólogo, educador, político, escritor, homem de ação comprometido com o seu tempo, Darcy foi um incansável lutador comprometido com as boas causas.
Idealizador e primeiro reitor da Universidade de Brasília, redator do projeto que criou o Parque Indígena do Xingu, Ministro da Educação e Chefe da Casa Civil do governo de João Goulart; Darcy Ribeiro exilou-se após o golpe de 1964, quando teve os seus direitos cassados pela ditadura.
Retornando ao Brasil com a Lei de Anistia, acompanhou Leonel Brizola na criação do Partido Democrático Trabalhista (PDT) e foi vice-governador do Rio de Janeiro entre 1983 e 1986. Durante a gestão de Brizola, desenvolveu o revolucionário programa de educação dos Centros Integrados de Ensino Público (os Cieps).
Pensando a necessidade da escola integral, recuperando o legado do grande educador Anísio Teixeira, concebendo a escola como um espaço criativo e libertador, Darcy ousou comprar a briga contra os barões da educação privada e os agentes do sucateamento do ensino público, imaginando a escola como o grande espaço de inclusão social em um país desigual.
Candidato derrotado ao governo do Rio nas eleições de 1986, Darcy foi eleito para o Senado, em 1991. Foi, na ocasião, o responsável pela concepção e execução do audacioso projeto de criação da Universidade do Norte Fluminense (UENF), em Campos dos Goytacazes, durante o segundo governo de Leonel Brizola.
Comprometido com a soberania nacional, fiel aos valores da proteção ao trabalho, profeta da educação como instrumento de construção da justiça social, pensador instigante, defensor dos povos originais, intelectual engajado, romancista premiado, homem da aldeia, do Brasil e do mundo, Darcy foi a prova viva de que não se luta porque a vitória é certa, mas porque a causa é justa.
Deixou como legado ao campo progressista uma vastíssima obra e a lição de um brasileiro que conciliou a reflexão e a ação como inseparáveis companheiras de jornada. Perto de morrer, fez um balanço de sua trajetória e concluiu:
“Fracassei em tudo o que tentei na vida. Tentei alfabetizar as crianças brasileiras, não consegui. Tentei salvar os índios, não consegui. Tentei fazer uma universidade séria e fracassei. Tentei fazer o Brasil desenvolver-se autonomamente e fracassei. Mas os fracassos são minhas vitórias. Eu detestaria estar no lugar de quem me venceu. ”
Levantando a bandeira de Darcy Ribeiro e do PDT, trilhando os caminhos que ele trilhou, nossa tarefa é lutar para que as “derrotas” do mestre sejam impulsos que nos levem a uma futura vitória: por ele, pelo Brasil que ele tanto amou e pelo nosso povo.
Chico D’Angelo: Médico e deputado federal (PDT-RJ)
Ascom Lid./PDT com Jornal do Brasil