Parece inacreditável, mas atualmente o governo federal gasta seis vezes mais com o pagamento de juros da dívida do que com o bolsa família, maior programa social do Brasil. Esse fato, que não costuma receber a merecida atenção da mídia, mostra a clara desproporção entre o que é gasto para remunerar o sistema financeiro e o que se destina à parcela carente da população brasileira.
Nesse sentido, a aprovação da autonomia do Banco Central com o apoio do governo passado, retirou do Presidente da República legitimamente eleito uma das principais ferramentas de política monetária, que é a determinação da taxa de juros. Assim, o Brasil hoje se encontra a mercê do atual presidente do Banco Central neste quesito, lembrando que na realidade de autônomo o senhor Roberto Campos Neto não tem nada, visto que fez campanha para o ex-presidente.
A decisão tomada pelo Comitê de Política Monetária do Banco Central do Brasil na semana passada, mantendo os juros em patamar elevado, considerando o cenário atual de inflação controlada e de problemas na recuperação da atividade econômica é um erro grave. Ao manter a taxa básica de juros em 13,75% ao ano, a autoridade monetária está decidindo politicamente e ignorando os aspectos puramente técnicos para definição da taxa de juros, visto que estudos aplicando modelos matemáticos ao caso brasileiro apontaram como ideal uma taxa de 5% acima da inflação esperada.
É importante ressaltar que a manutenção de uma elevada taxa de juros afeta diretamente o bolso dos cidadãos e das empresas, que pagam mais caro para obter empréstimos e financiamentos. Em virtude disso, fica inibido o consumo e o investimento, causando efeitos deletérios na geração de empregos, bem como no crescimento da economia.
O Banco Central do Brasil tem entre os seus objetivos estabelecidos por lei suavizar as flutuações do nível de atividade econômica e fomentar o pleno emprego. Ao manter os juros elevados de forma desnecessária, o Banco Central do Brasil está se afastando desses objetivos. Já passou da hora de uma mudança na política monetária, adotando-se uma taxa de juros que possa impulsionar o crescimento econômico e garantir um futuro mais próspero para a nação.
Publicado nesta quinta-feira (18) no caderno “Opinião” do Jornal “O POVO”, do Estado do Ceará.